Nos oceanos, existe a poluição visível (derramamentos de petróleo, descarte incorreto de plásticos, entre outros resíduos) e uma poluição invisível, menos conhecida, mas que também é desastrosa: os ruídos oceânicos.
Os barulhos causados por atividades humanas nos mares ameaçam os ecossistemas e a biodiversidade marinha. É o que aponta o pesquisador Michel André, da Universidade Politécnica da Catalunha, que estuda há anos o impacto sonoro dos homens nos mares. Michel destaca que quase não existe um ponto no oceano livre da contaminação acústica.
Ela é causada por quais atividades?
Os gritos dos banhistas nas praias são as menores preocupações dos animais marinhos. O real problema são os navios, as explosões, os sonares militares, as construções no leito marinho e as sondagens acústicas para procurar petróleo e gás.
A de maior impacto é a sondagem. Porém, o tráfego marítimo ocorre durante 24 horas e se calcula que, diariamente, haja cerca de 60.000 navios de carga navegando simultaneamente. O pior é que o nível de ruído causado por humanos tem aumentado em nível alarmante.
Quais são as consequências?
Você pode se perguntar que mal podem causar os barulhos debaixo d’água, sendo que tudo parece tão silencioso. Mas não é bem assim. A velocidade de propagação do ruído na água é cinco vezes maior do que no ar.
O que acontece é que várias espécies usam sons para sua comunicação, locomoção e reprodução. E essa contaminação invisível desequilibra seus órgãos sensoriais, colocando em risco principalmente os cetáceos – entre eles os golfinhos e baleias. Suspeita-se que o aumento frequente de encalhes desses mamíferos seja causado por desorientação de origem acústica. A distribuição de peixes pelos mares também é afetada, pois eles evitam áreas com muitos ruídos.
Então, como levar paz aos peixinhos?
A preocupação com a proliferação desses sons é cada vez maior, pela ameaça que representa.
O caminho da solução é a mobilização para obter uma maior consciência social acerca do problema e propor ideias para minimizar as práticas que causam a poluição sonora oceânica.
Alguns movimentos já abraçaram essa causa. Desde 2005, a Organização das Nações Unidas (ONU) classifica esse tipo de poluição como uma das cinco maiores ameaças para os mamíferos marinhos, e estabeleceu a redução e regulação da contaminação acústica do oceano como uma de suas maiores prioridades.
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